terça-feira, 29 de junho de 2010

Introdução a Ratzinger: A mediocridade das liturgias de hoje

 

   Ratzinger é uma pessoa extremamente equilibrada e cuidadoso nas palavras, mas quando fala da liturgia como é celebrada atualmente, não poupa críticas mordazes: “A banalidade e o racionalismo infantil da liturgia feita por conta própria, com a sua teatralidade artificial, ficam cada vez mais claros na sua ingenuidade; a sua inutilidade se torna patente. A plena autoridade do mistério desapareceu”. Aludindo ao costume, hoje difundido, de aplaudir durante as celebrações, acrescenta: “Ali, onde explode o aplauso à obra humana na liturgia, estamos diante de um sinal seguro que se perdeu completamente a essência da liturgia e se a substituiu por uma espécie de entretenimento de caráter religioso! A liturgia pode atrair as pessoas somente se não olha para si mesma, mas para Deus”.

Já em 1985, ele acusava “o palavreado banal e o infantilismo pastoral que degradam a liturgia católica, reduzindo-a ao nível de círculo de aldeia e a rebaixam ao nível do trivial. Certa liturgia pós-conciliar tornou-se opaca e enfadonha pelo seu gosto do banal e do medíocre, a tal ponto de causar calafrios”.

“Esta liturgia move-se em um mundo de ficção, cuja miséria artificial não pode ser superada nem mesmo pelas patéticas declamações das dores dos povos oprimidos, declamações que não por acaso aparecem como um núcleo comum a todas essas liturgias auto-inventadas” (Introduzione a Ratzinger, por Dag Tessore – Traduzido para o português: Bento XVI. Questões de fé, ética e pensamento na obra de Joseph Ratzinger. Ed. Claridade-Nova Alexandria).

Observação minha: É impressionante, caro Visitante, a lucidez da percepção de Ratzinger! Muitíssimas vezes o que constatamos hoje são umas celebrações litúrgicas que não respeitam nem revelam o Mistério celebrado. E o Mistério da liturgia é um só: Deus que vem a nós em Jesus Cristo, doador do Espírito para a vida do mundo e, assim, faz o homem elevar-se a Ele pelo Cristo morto e ressuscitado na potência do Espírito. Nos ritos, nos gestos, nas palavras, nos símbolos sagrados, que não podem ser inventados a bel-prazer, o Mistério nos é dado, o Mistério nos eleva e transfigura para, através de nós, transfigurar o mundo. Infelizmente, por total ignorância do que seja a liturgia cristã, nossas celebrações tornaram-se um grotesco programa de auditório, no qual a comunidade se auto-celebra, ao invés de fazer-se toda disponível ao Mistério de Deus! Uma liturgia assim cansa, torra a paciência e faz os que dela participam saírem mais vazios do que chegaram. É a liturgia show: show do padre, show do coral, show de um monte de gente fazendo um monte de coisas pra lá e pra cá... Só não se faz o essencial: não se está atento ao Mistério, não se contempla, não se abisma na beleza amorosa de Deus, revelada na face bendita de Cristo. Mas, sem liturgia verdadeira, não existe Igreja, não existe vida cristã! Sem liturgia genuinamente cristã, a Igreja torna-se uma ONG, o cristianismo, uma ideologia insossa e politicamente correta, e a vida cristã uma chatura moralizante, um verdadeiro porre!

Fonte: blog do Dom Henrique.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

AMIGOS DE DEUS

Santo Antônio

Nasceu 15 de agosto 1195 em Lisboa e recebeu o nome de Fernando. era filho de um cavalheiro corte de do Rei Alfonso II. Em 1212 entrou para a Ordem de Santo Agostinho . A chegada das relíquias de cinco mártires franciscanos de Marrocos em 1221 levou Santo Antônio a entrar para a ordem dos franciscanos. Tornou-se conhecido como um grande pregador
Santo Antônio se fixou na cidade de Pádua, reformou a cidade, acabou com a prisão de devedores e ajudou os pobres. Em 1231 ele sofreu de exaustão e foi se recuperar em Campossanpietro. No seu retorno a Pádua ele não agüentou e acabou morrendo no convento das "Clarissas Pobres" em Arcella, em 13 de junho de 1231. Santo Antônio foi chamado o "Trabalhador Maravilha" pelos seus muitos milagres. Ele pregava para multidões na chuva e a sua audiência ficava seca a despeito do forte aguaceiro. Ele foi saudado como um traumatologista após ter curado a perna de um homem que tinha sido seccionada e fez outro homem voltar a vida, para testemunhar em uma audiência de assassinato onde um inocente estava sendo considerado culpado.
Perto da morte de S. António aparece-lhe o Menino Jesus na cela de Camposampiero.
Santo Antônio é o padroeiro de Pádua, de Lisboa e dos casais. É um santo popular para encontrar itens perdidos. No Brasil é o santo casamenteiro e é invocado pelas moças solteiras para encontrar um noivo. O "dia dos namorados" no Brasil é celebrado na véspera de sua festa ou seja no dia 12 de junho.
O milagre dos peixes:
Santo António faz um sermão aos peixes, no rio Marecchia porque os homens de Rimini não o querem ouvir. Ao ver isto eles arrependem-se e dirigem-se para junto do santo, ouvindo o sermão.
O milagre do jumento:
Um herege não acreditava que Cristo de fato estava presente na Eucaristia. Santo António diz que o jumento, que o homem tinha, era menos teimoso e que seria mais fácil convencê-lo. Ao ver a hóstia o jumento ajoelha-se.
Em 1236 fizeram o traslado do corpo do Santo. Foi possível encontrar a língua do Santo
São João

São João Batista era filho de Zacarias e de Santa Izabel. Chamava-se “Batista” porque ele batizava as pessoas. Até Jesus, que era seu primo, foi batizado por ele!
A Igreja Católica celebra a festa de São João Batista no dia 24 de junho. O seu nascimento é celebrado pelo povo com grande alegria: cantos e danças folclóricas, fogueiras, quermesses fazem dessa festa uma das mais populares e queridas da nossa gente.
Foi consagrado por Jesus como o último e maior dos profetas.
São João Batista,
Batista João,
levanto a bandeira
com livro na mão.
O nosso corpo é uma podridão,
no fundo da terra,
no centro do chão.
São João adormeceu
no colo de sua tia.
Se meu São João soubesse
quando era seu dia,
descia do céu na terra
cum bandeira de alegria.

(Anonimo)
São Pedro
Pedro tinha como primeiro nome Simão, nasceu em Betsaida e era irmão do apóstolo André. Antes de ser apóstolo, Pedro era pescador, mas foi chamado pelo próprio Jesus para deixar tudo e caminhar com Ele, pregando o Evangelho.
São Pedro recebeu o título de “O Príncipe dos Apóstolos”. Foi primeiro Papa da Igreja Católica
Ele foi martirizado em uma das perseguições aos cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como Jesus Cristo.
Depois da sua morte, foi nomeado “chaveiro” do Céu, pois para entrar no Céu é necessário que São Pedro abra as portas, também é atribuída a ele a responsabilidade de fazer chover.
Bandeira com os santos Juninos

REFLEXÃO CAIPIRA 

FAMÍA CARENTI
Um dia saí caminhano,
já quasi nu intardecê,
à uma famia carenti,
uma visita fui fazê.
Moravam nu pé da montanha,
numa casa di sapê,
numa pobreza tamanha
dava pena só di vê.
Chegano fui convidado
para cum eles jantá,
mas quando vi a comida,
deu vontadi di chorá.
As panelas eram limpas
mas, comida num tinha não,
era apenas uma água,
cum arguns grãos di fejão.
Cum cinco crianças piquenas,
comecei a imaginá,
como pode sê pussive
essa água sustentá.
Preguntei para o Jusé,
mas Maria respondeu:
porque a cruiz nu terrero?
foi meu fio qui morreu.
Mas a Deus eu agradeço
pelo meu fio levá,
pois ele eu tenho certeza
qui fomi nunca mais vai passá.
Dei-lhe um abraço apertado,
lágrimas rolaram no chão,
di repenti um di seus fios,
chegou com uma Bíblia na mão.
I mi chamano di môço!
mi disse: eu sou o Sebastião.
Pegui essi livro sagrado
faiz pra nóis uma oração.
Já bastanti comovido
peguei a Bíblia na mão,
li pra eles uma passagi
du evangelho di São João.
Dizia na esperança,
na fé i compriensão,
i Qui mesmo fartano di tudo
nunca farte a oração.
(Ademir Maciel)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ave, verdadeiro Corpo nascido de Maria!

 

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Há um hino latino, não menos caro que o Adoro te devote à piedade eucarística do católico, que ilumina a ligação entre a Eucaristia e a cruz, o Ave verum. Composto no século XIII para acompanhar a elevação da Hóstia na Missa, ele se presta também para saudar a elevação de Cristo na cruz. São apenas cinco versos, carregados, porém, de muito conteúdo:
Salve! Verdadeiro corpo nascido de Maria Virgem!
Verdadeiramente sofrido e imolado pelo homem na cruz.
De teu lado transpassado brotou água e sangue.
Sede por nós o penhor no momento da morte.
Ó Jesus doce, ó Jesus piedoso, ó Jesus, filho de Maria!

O primeiro verso fornece a chave para compreender todo o restante. Berengario de Tours negou a realidade da presença de Cristo no sinal do pão, reduzindo-o a uma presença simbólica. Para tolher todo pretexto a esta heresia, começou-se a afirmar a identidade total entre o Jesus da Eucaristia e o histórico. O corpo de Cristo presente sobre o altar é definitivamente “verdadeiro” (verum corpus), para distingui-lo de um corpo puramente “simbólico” e também do corpo “místico” que é a Igreja.


Todas as expressões que seguiram se referindo ao Jesus terreno: nascido de Maria, paixão, morte, peito transpassado. O autor se prende nesse ponto; abstém-se de mencionar a ressurreição, porque isso poderia fazer pensar, de novo, em um corpo glorificado e espiritual, e, portanto, não suficientemente “real”.
A teologia volta-se hoje a uma visão muito equilibrada da identidade entre o corpo histórico e o eucarístico de Cristo e insiste em seu caráter sacramental, não material (embora real e substancial) da presença de Cristo no sacramento do altar.
Mas à parte desta diferente acentuação, resta intacta a verdade de fundo afirmada no hino. É o Jesus nascido de Maria em Belém, o mesmo que “passou fazendo o bem a todos” (Atos 10, 38), que morre na cruz e ressuscita no terceiro dia, aquele que está presente hoje no mundo, não como uma vaga presença espiritual, ou, como dizem alguns, a sua “causa”. A Eucaristia é o modo criado por Deus para permanecer para sempre o Emmanuel, o Deus Conosco.
Tal presença não é uma garantia e uma proteção só para a Igreja, mas para todo o mundo. “Deus é conosco!” Com o advento de Cristo tudo é transformado em universal. “Deus reconciliou o mundo consigo em Cristo, não imputando aos homens a sua culpa” (2 Cor 5, 19). O mundo inteiro, não uma parte; todos os homens, não só um povo. “Deus é conosco”, ou seja, da parte do homem, seu amigo e aliado contra a força do mal. É o único que personaliza tudo e só a face do bem contra a face do mal. Isto dava força a Dietrich Bonhffer, no cárcere e mesmo na sentença de morte por parte do “poder cativo” de Hitler, de afirmar a vitória do poder bom:

Da força amiga a maravilha envolve
vamos com calma ao futuro.
Deus está conosco de noite e de manhã,
Está conosco em tudo o que nasce.

“Não sabemos, escreveu o papa na Novo millenio ineunte, qual acontecimento que nos reserva o milênio que está iniciando, mas tenhamos a certeza que isso estará firmemente nas mãos de Cristo, o ‘Rei dos reis e Senhor dos senhores’ (Ap 19, 16)” .

Depois da saudação vem, no hino, a invocação: Esto nobis praegustatum mortis in examine, Sede por nós, ó Cristo, penhor e garantia de vida eterna na hora da morte. Já o mártir Inácio de Antioquia chamava a Eucaristia “remédio de imortalidade”, isto é, remédio para nossa mortalidade . Na Eucaristia temos “o penhor da glória futura”:” et futurae gloriae nobis pignus datur”.
Uma pesquisa revelou um fato original: que somos, mesmo entre os crentes, pessoas que crêem em Deus, mas não em uma vida após a morte. Mas como se pode pensar uma coisa desta? Cristo, diz a Carta aos Hebreus, morreu para obter “uma redenção eterna” (Hb 9, 12). Não temporária, mas eterna!
Faz-se objeção que ninguém retornou do outro lado para assegurar que isso existe verdadeiramente e não é, portanto, uma pia ilusão. Não é verdade! Há um que hoje em dia volta do outro lado para assegurar e renovar a sua promessa, se soubermos escutá-lo. Aquele verso ao qual somos direcionados que vem ao encontro da Eucaristia para dar uma amostra (praegustatum!) do banquete final do reino.

Devemos gritar ao mundo esta esperança para ajudar a nós mesmos e os outros a vencer o horror que causa a morte e reagir ao triste pessimismo que se espalha sobre nossa sociedade. Multiplica-se o diagnóstico desesperado sobre o estado da Terra: “um formigueiro que se desmancha”, “um planeta que agoniza”... A ciência traça com sempre maiores detalhes, o possível cenário da dissolução final do cosmo. A terra e os outros planetas se resfriarão, o sol e as outras estrelas se resfriarão, todas as coisas congelarão... Diminuirá a luz e aumentarão no universo os buracos negros... A expansão um dia se exaurirá e começará a contração e ao fim se assistirá ao colapso de toda a matéria e de toda energia existente em uma estrutura compacta de densidade infinita. Acontecerá agora o “Big Crunch”, a grande implosão, e tudo retornará ao vazio e ao silêncio que precedeu a grande explosão, o Big Bang, de quinze bilhões de anos atrás...

Ninguém sabe se as coisas acontecerão realmente assim ou de outro modo. A fé, porém, se assegura que, ainda que assim fosse, não será o fim total. Deus não reconciliou o mundo a si para abandoná-lo ao nada; não prometeu de permanecer conosco até o final do mundo, para depois se retirar, sozinho, no seu céu, no momento em que este fim vier. “Amei-te com amor eterno”, disse Deus ao homem na Bíblia (Jr 31, 3), e as promessas de “amor eterno” de Deus não são como das do homem.

Prosseguindo idealmente a meditação do Ave verum, o autor doDies irae eleva a Cristo uma tocante oração que neste dia podemos torná-la nossa: ”Recordare, Iesu pie, quod sum causa tuae viae: ne me perdas illa die”: Recordai-vos, ó bom Jesus, que por mim subistes a cruz: não permitais que me perca nesse dia. ”Quarens me sedisti lassus, redemisti crucem passus: tantus labor non sit cassus”: “Ao aproximar-me, sentastes um dia cansado ao poço de Siquém e subistes na cruz para redimir-me: tanta dor não seja em vão”.


O Ave verum termina com uma exclamação direta à pessoa de Cristo: “O Iesu dulcis, o Iesu pie”. Esta palavra que mostra uma imagem excelentemente evangélica de Cristo: O Jesus “doce e bom”, isto é, clemente, compaixão que não quebra a cana rachada e não extingue a chama fumegante (cf. Mt 12,20). O Jesus que um dia disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29). A Eucaristia prolonga na história a presença desse Jesus. Esse é o sacramento da não violência!
A imitação de Cristo não justifica, porém, certamente soará agora muito estranho e odioso, a violência que se registra no confronto de sua pessoa. Foi dito que, com seu sacrifício, Cristo deu fim ao perverso mecanismo do cordeiro expiatório, sofrendo ele mesmo as conseqüências. Necessita ser dito com tristeza que tal perverso mecanismo está novamente agindo contra Cristo, em uma forma até agora desconhecida.
Contrariamente a ele se ventila todo o rancor de um certo pensamento laicista pela recente manifestação de aliança entre a violência e o sagrado. Como costuma acontecer no mecanismo do cordeiro expiatório, seleciona-se o elemento mais fraco para aplicar-se contra ele. “Fraco”, aqui, no sentido em que se pode desfazer impunemente, sem correr algum perigo de represália, havendo os cristãos desse tempo renunciado a defender a própria fé com a força.
Não se trata só da pressão para remover o crucifixo dos lugares públicos e o presépio do folclore natalino. São lançados sem parar romances, filmes e espetáculos nos quais se manipula ao bel prazer a figura de Cristo sobre uma quantidade de fantasias e inexistentes novos documentos e descobertas. Está-se criando uma moda, uma espécie de gênero literário.
É sempre presente a tendência de revestir Cristo das roupas da própria época ou da própria ideologia. Mas, ao menos no passado, por quanto discutível, havia causas sérias e de grande alcance: O Cristo idealista, socialista, revolucionário... a nossa época, obcecada pelo sexo, não sabe agora representar Jesus se não como um gay ante litteram ou alguém que prega que a salvação vem da união com o princípio feminino e nos dá o exemplo casando-se com Madalena.
Eles se apresentam como os cavaleiros da ciência contra a religião: uma reivindicação surpreendente a julgar como é tratada nesse caso a ciência histórica! A história muito fantasiosa e absurda vindo cobrar e beber de muitos como se tratasse de história verdadeira, ao invés disso, da única história finalmente livre da censura eclesiástica e tabu. “O homem que não crê em Deus está pronto a crer em tudo”, disse alguém. Os fatos estão dando razão.
Especula-se sobre a ressonância vastíssima que tem o nome de Jesus e sobre o que isso significa para grande parte da humanidade, para assegurar-se uma certa popularidade e boas vendas ou fazer sensacionalismo, com mensagens publicitárias que abusam dos símbolos e imagens evangélicas. (Aconteceu recentemente com a imagem da Última Ceia). Mas isto é parasitismo literário e artístico!
Jesus é vendido de novo por trinta denários, escarnecido e revestido de fantasias como no pretório. (Em um espetáculo transmitido em janeiro passado em uma televisão estatal européia Cristo aparecia na cruz recoberto com uma fralda de criança!). E depois eles se escandalizam e reclamam da intolerância a da censura se os crentes reagem enviando cartas e telefonemas de protesto aos responsáveis. A intolerância do tempo mudou de campo no Ocidente: da intolerância religiosa passou-se à intolerância da religião!
“Ninguém, argumenta-se, tem o monopólio dos símbolos e das imagens de uma religião”. Mais ainda que os símbolos de uma nação --o hino, a bandeira-- são de todos e de ninguém; É por isso que se pode escarnecer e se desfrutar ao bel prazer?
O mistério que celebramos neste dia nos proíbe de abandonar-nos a complexos de perseguição e levantar de novo muros ou bastões entre nós e a cultura (ou in-cultura) moderna. Talvez devamos imitar nosso Mestre e dizer simplesmente: «Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem». Perdoa-os e a nós, porque é certamente também por causa de nossos pecados, presentes e passados, que tudo isto sucede e se sabe que freqüentemente é para golpear os cristãos e a Igreja que se golpeia a Cristo.
Permitimo-nos só dirigir a nossos contemporâneos, em nosso interesse e no seu, o chamado que Tertuliano fazia em seu tempo aos gnósticos inimigos da humanidade de Cristo: «Parce unicae spei totius orbis»: não tireis do mundo sua única esperança [4].

A última invocação do Ave verum evoca a pessoa da mãe: «O Iesu filii Mariae». Duas vezes é recordada, no breve hino, a Virgem: ao princípio e ao final. Pelo demais, todas as exclamações finais do hino são uma reminiscência das últimas palavras da Salve Rainha:«O clemens, o pia, o dulcis virgo Maria», Ó clemente, ó piedosa, ó doce, Virgem Maria.
A insistência no vínculo entre Maria e a Eucaristia não responde a uma necessidade só devocional, mas também teológica. Nascer de Maria foi, em tempo dos Padres, o argumento principal contra o docetismo que negava a realidade do corpo de Cristo. Coerentemente, este mesmo nascimento testifica agora a verdade e realidade do corpo de Cristo presente na Eucaristia.
João Paulo II conclui uma carta apostólica Mane nobiscum Domine remetendo-se precisamente às palavras do hino: «O Pão eucarístico que recebemos --escreve-- é a carne imaculada do Filho: Ave verum corpus natum de Maria Virgine”. Que neste Ano de graça, com a ajuda de Maria, a Igreja receba um novo impulso para sua missão e reconheça cada vez mais na Eucaristia a fonte e o cume de toda sua vida».

Ave verum corpus natum de Maria Virgine
Vere passum, immolatum in cruce pro homine
Cuius latus perforatum fluxit aqua et sanguine
Esto nobis praegustatum mortis in examine
O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae !

Fonte: blog de Dom Henrique

Confissões de um Converso

 
Trecho do livro "Confissões de um Converso" (Quadrante, 2002), de Robert Hugh Benson (1871-1914), ex-clérigo anglicano convertido ao catolicismo em 1903.



     E assim recorri uma vez mais ao Novo Testamento, em busca de um fio condutor que desse sentido a tudo, de alguma autoridade vivente para a qual as próprias Escrituras apontassem; e, sobretudo, quis pôr à prova a pretensão da autoridade que, à luz da lógica humana, me parecia ser a mais consistente de toda a cristandade - a pretensão do ocupante da Cátedra de Pedro de ser o Mestre e Senhor de todos os cristãos. 

Disseram-me, naturalmente, que eu encontraria no Novo Testamento aquilo que esperasse encontrar; que interiormente tinha já aceitado as afirmações de Roma e que, portanto, tinha chegado à conclusão de que essas afirmações se baseavam nas Escrituras. Pediram-me que voltasse aos teólogos para a interpretação das Escrituras - que voltasse, na verdade, àquele mesmo emaranhado de testemunhas que, no seu conjunto, pareciam confirmar a posição de Pedro, e que pouco antes me tinham aconselhado a deixar de lado em favor da própria Palavra de Deus. 
No entento, que outra opção me restava senão tentar comprovar honestamente, com base nessa divina autoridade, a única afirmação que, em toda a Cristandade, me parecia a única consistente, razoável, histórica, prática, satisfatória e - pela própria natureza da questão - intrinsecamente necessária? 

Bem, não preciso dizer que encontrei ali essa afirmação com muito mais facilidade, e expressa de forma muito mais patente, do que muitas outras afirmações plenamente aceitas por mim com base na autoridade das Sagradas Escrituras. Dogmas como o da Santíssima Trindade, sacramentos como o da Confirmação, instituições como o episcopado - tudo isso pode ser encontrado nas Escrituras, tanto pelos católicos como pelos anglicanos, se a pessoa se dispuser a aprofundar o seu estudo. Mas o primado de Pedro não exige nenhum estudo aprofundado: encontra-se à superfície, cintilando como uma joia esplêndidam se se afastam dos olhos os preconceitos anti-católicos. 
Quando institui a Igreja, o Senhor afirma que a edificará sobre Cefas (cfr. Mt 21, 42 e 16, 18); o Bom Pastor ordena ao mesmo Cefas que apascente as suas ovelhas, mesmo depois de ele aparentemente ter perdido a confiança do seu Senhor (Jo 10, 11 e 21, 15-17). A Porta confia a Pedro as Chaves (Jo 10, 7 e Mt 16, 19). Ao todo, encontrei vinte e nove passagens da Escritura - e ainda outras, mais tarde - nas quais o primado de Pedro está claramente implícito, e não encontrei uma sequer que fosse contrária ou incompatível com essa missão. Publiquei tudo isto num folheto intitulado Uma cidade construída sobre um monte, logo depois da minha conversão. 

É-me completamente impossível indicar o argumento concreto que, finalmente me convenceu. Aliás, não forma os argumentos que acabaram por convencer-me, como não foram as emoções que me impeliram. Foi antes como se tivesse sido arrastado pelo Espírito de Deus até um ponto de observação privilegiado de onde pudesse observar os fatos como realmente eram. E foi o livro de Newman, o Desenvolvimento da Doutrina Cristã, que me apontou esses fatos, que dirigiu o meu olhar de um ponto para outro e me mostrou como todo o glorioso edifício da Igreja se baseava sobre o inabalável alicerce do Evangelho para depois erguer-se para o céu. 

Foi ali - para servir-me de outra metáfora - que pude ver a mística Esposa de Cristo crescer através dos séculos, da infância até a adolescência, crescer em estatura e sabedoria; não por acrescentar conhecimentos, mas por desenvolvê-los, fortalecendo os seus membros, abrindo as suas mãos; mudando, sim, o aspecto e a linguagem - usando ora um, ora outro conjunto de termos humanos a fim de explrimir cada vez mais claramente o seu pensamento; tirando do seu tesouro coisas novas e velhas, que eram suas desde o princípio; habitada pelo Espírito do seu Esposo, e mesmo sofrendo como Ele sofreu. 
Também ela foi traída e crucificada, morrendo diariamente como o seu Grande Senhor (cfr. 1 Cor 15, 31); negada, escarnecida e desprezada; filha da dor, familiarizada com todo o sofrimento (cfr. Is 53, 3); desfigurada, caluniada, agonizante; despojada das suas vestes, e ainda assim - como filha de Rei que é - "cheia de glória" (cfr. Sl 44, 4); parecendo às vezes morta, e no entanto, como o seu Modelo, sempre unida à Divindade; jazendo no sepulcro, cercada pela vigilância dos poderes seculares, mas sempre ressuscitando, espiritual e transcendente, no dia da Páscoa; atravessando portas que os homens julgavam fechadas para sempre; oferecendo os seus banquetes místicos pelos cenáculos e às margens do mar; e, sobretudo, ascendendo para sempre aos céus a fim de habitar nas moradas celestiais com Aquele que é o seu Esposo e o seu Deus. 

À medida que eu contemplava a sua face, as dificuldades desvaneciam-se uma após outra. Agora eu entendia que o seu aspecto externo tinha mesmo de modificar-se e que a criança envolta em faixas nas Catacumbas devia parecer diferente da soberana Mãe e Senhora de todas as Igrejas, a Rainha do mundo. Compreendia igualmente que até a sua constituição teria de parecer modificada: os seus membros, que a princípio se moviam de forma espasmódica e desconexa, deviam ser progressivamente orientados pela Cabeça visível, à medida que Ela crescia em forças; os grandiosos gestos da sua infância - os primeiros Concílios - deviam evoluir pouco a pouco para a voz serena a fluir dos seus lábios; a sabedoria implícita e desordenada dos primeiros séculos tinha de exprimir-se cada vez com maior precisão, à medida que ela aprendia a comunicar aos homens aquilo que sabia desde sempre. E vi também como era necessário que Ela apregoasse até os nossos dias os princípios que tinahm norteado os seus atos desde sempre; ou seja, que nos temas vitais da sua mensagem, os pronunciamentos da sua Cabeça visível estavam protegidos pelo Espírito da Verdade, o mesmo Espírito que um dia havia formado o seu corpo no ventre da raça humana. Esta era, no seu longo percurso, a inevitável afirmação que tinha de fazer uma Igreja que se declarava depositária da Revelação. 

Não digo que todas as minhas dificuldades tenham desaparecido imediatamente. Não foi assim. Na verdade, suponho que não existe um único católico vivo que ouse afirmar que não tem dificuldades neste ponto. No entanto, "dez mil dificuladdes não fazem uma dúvida". Sempre existirão os velhos eternos problemas do pecado e do livre arbítrio; mas para quem olhou a fundo nos olhos desta grande Mãe, esses problemas são quase nada. Se nós não sabemos, Ela sabe; mesmo que não revele tudo o que sabe, Ela o sabe; pois em algum lugar lá do seu íntimo, no mais profundo do seu grande coração, está escondida a sabedoria do próprio Deus.

Fonte: Blog Christus

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Hino do Ano Catequético

Festa do Coração de Jesus – a Festa do Amor!

CORACAO_DE_JESUS11 O coração de Jesus é o coração amigo de pecadores e vive essa amizade com paixão interior.
O modo como trata a mulher apanhada em adultério, como a perdoa e lhe restitui a dignidade, como a manda ir em paz, com o coração purificado e alegre, é uma das muitas manifestações do coração amigo de pecadores (Jo. 8, 1-11). A maneira como convida Zaqueu a descer do sicómoro e Se faz convidado para sua casa, concedendo-lhe o perdão e a graça de tão notável arrependimento, é outra maneira do Bom Pastor exercitar a sua misericórdia (Lc. 19,1-10).

A revelação feita à Samaritana, como fonte de água viva, escolhendo aquela mulher sem dignidade, vivendo com um marido que não era dela, volta a surpreender-nos pela capacidade de perdão, de amizade com pecadores, de diálogo com a "miséria" para a libertar e salvar (Jo. 4, 1-42). A maneira como trata Judas, o traidor, chamando-lhe amigo e aceitando o beijo da traição (Mt. 26, 47-51), ou o modo como perdoa as negações a Pedro e continua a depositar nele a confiança, nomeando-o chefe do grupo e confiando-lhe o Primado, são outras tantas maneiras de Se revelar do coração, sempre amigo de pecadores (Mt. 26, 69.
Precisamos de aprender com o Coração de Jesus. Precisamos de ter um coração universal, onde caiba a humanidade inteira. Onde haja lugar para todos.
Não podemos ficar instalados, com o mal do mundo. Hoje a Igreja, tem de falar mais ao coração do homem. Temos que abrir as portas do nosso coração e deixar JESUS entrar.

Everton,catequista.