quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

SEDE VACANTE



 Rádio Vaticana
2013-02-28
Olhos concentrados sobre o Vaticano no momento em que Bento XVI partia, pouco depois das 17 horas, para Castelgandolfo. Às 20 horas cessará oficialmente o seu ministério petrino. Imagens que pode seguir em direto aqui na Rádio Vaticano, no Vatican player…
O helicóptero transportando Bento XVI aterrou em Castelgandolgo às 17.24, sendo o Santo Padre acolhido pelo Cardeal Joseph Bertello, Presidente do Governatorato do Vaticano, por Dom Marcello Semeraro, bispo de Albano e ainda pela Presidente da Câmara e pelo Pároco de Castel Gandolfo.
Pelas 17.50, o Papa assomou à varanda central do Palácio de Castelgandolfo para “o último acto público”, saudando a população local, que o aplaudiu entusiasticamente. Bento XVI improvisou algumas palavras de agradecimento, declarando ter vindo agora na qualidade de “peregrino” que empreende a última fase da sua peregrinação terrena.Às 20 horas, ao iniciar a Sede Vacante, a Guarda Suíça cessa o serviço em Castel Gandolfo. Conclui o ministério de Bento XVI como Papa.
Amanhã dia 1 de Março o Cardeal Decano Angelo Sodano convoca as Congregações Gerais dos Cardeais. Provavelmente, tais reuniões serão convocadas para se iniciarem a partir do dia 4. No âmbito destas reuniões os Cardeais estabelecerão a data de início do Conclave.
Normas litúrgicas para o tempo de Sede vacante 

A renúncia do Papa Bento XVI e a consequente vacância da Sede Papal suscitou em toda a Igreja diversas dúvidas de ordem prática: como se fará a escolha do novo Papa, como ele se chamará, como deveremos rezar por ele? Progressivamente essas questões vem sendo respondidas e agora chegou a vez de saber como a Igreja determina que se reze nas celebrações da Santa Missa durante a vacância.
De maneira clara, a Constituição Apostólica Universi domini gregis, promulgada pelo Bem-aventurado Papa João Paulo II, no dia 22 de novembro de 1996, especialmente em seu número 84, orienta os fiéis e a Igreja como um todo sobre como proceder durante o período vacante:
"84. Durante a Sé vacante, e sobretudo no período em que se realiza a eleição do Sucessor de Pedro, a Igreja está unida, de modo muito particular, com os Pastores sagrados e especialmente com os Cardeais eleitores do Sumo Pontífice, e implora de Deus o novo Papa como dom da sua bondade e providência. Com efeito, seguindo o exemplo da primeira comunidade cristã, de que se fala nos Atos dos Apóstolos (cf. 1,14), a Igreja universal, unida espiritualmente com Maria, Mãe de Jesus, deve perseverar unanimamente na oração; deste modo, a eleição do novo Pontífice não será um fato disjunto do Povo de Deus e reservado apenas ao Colégio dos eleitores, mas, em certo sentido, uma ação de toda a Igreja. Estabeleço, portanto, que, em todas as cidades e demais lugares, ao menos naqueles de maior importância, após ter sido recebida a notícia da vacância da Sé Apostólica e, de modo particular, da morte do Pontífice, depois da celebração de solenes exéquias por ele, se elevem humildes e instantes preces ao Senhor (cf. Mt 21,22; Mc 11,24), para que ilumine o espírito dos eleitores e os torne de tal maneira concordes na sua missão, que se obtenha uma rápida, unânime e frutuosa eleição, como o exigem a salvação das almas e o bem de todo o Povo de Deus."
A partir das 16 horas, horário de Brasília, do dia 28 de fevereiro de 2012, a Santa Sé está vacante. Ou seja, não temos um Papa. Isto significa que o nome do Papa Bento XVI não deverá mais ser pronunciado na Oração Eucarística.
Conforme comunicado recente do Vaticano, Bento XVI receberá o título de Papa emérito ou de Romano Pontífice emérito. O nome dos bispos eméritos não é pronunciado nas Orações Eucarísticas e a razão é simples: não se trata apenas de um gesto de piedade, de uma oração deprecatória, mas de um ato que atesta nossa comunhão com o pastor da Igreja local e, neste caso específico, da Igreja universal.
Apresentamos abaixo o texto de algumas Orações Eucarísticas, colocando entre parênteses a parte que deve ser omitida:

Orações Eucarísticas

Oração Eucarística I
Nós as oferecemos pela vossa Igreja santa e católica: concedei-lhe paz e proteção, unido-a num só corpo e governando-a por toda a terra. Nós as oferecemos também (pelo vosso servo o papa N.) por nosso bispo N. e por todos os que guardam a fé que receberam dos apóstolos.
Oração Eucarística II
Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que se faz presente pelo mundo inteiro: que ela cresça na caridade (com o papa N. ,) com o nosso bispo N. e todos os ministros do vosso povo.
Oração Eucarística III
E agora, nós vos suplicamos, ó Pai, que este sacrifício da nossa reconciliação estenda a paz e a salvação ao mundo inteiro. Confirmai na fé e na caridade a vossa Igreja, enquanto caminha neste mundo: (o vosso servo o papa N.,) o nosso bispo N. com os bispos do mundo inteiro, o clero e todo o povo que conquistastes.
Quanto ao formulário de Missa para a eleição do Papa que consta no Missal Romano (cf. edição Paulus, pg. 885), é necessário recordar que estamos no tempo da Quaresma. Por isto, os formulários de Missas para as diversas necessidades só podem ser usados nos dias de semana da Quaresma com a devida licença do Bispo diocesano (cf. Instrução Geral do Missal Romano, n. 374).

Orações para a eleição do Papa ou Bispo

Antífona de entrada (1 Sm 2, 35)
Farei surgir um sacerdote fiel,
que agirá segundo o meu coração e minha vontade.
Eu lhe darei uma casa que permaneça para sempre
e ele caminhará na minha presença todos os dias
Oração do dia
Ó Deus, pastor eternos,
Que governais o vosso rebanho com solicitude constante,
No vosso amor de Pai
Concedei à Igreja um pastor que vos agrade pela virtude
E que vele solícito sobre nós.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
Na unidade do Espírito Santo.
Sobre as oferendas
Ó Deus, sede compassivo para conosco,
e dai-nos, pelas oferendas que vos apresentamos,
a alegria de ver à frente de vossa Igreja
um pastor do vosso agrado.
Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão (Jo 15, 16)
Fui eu que vos escolhi e enviei
para produzirdes fruto,
e o vosso fruto permaneça, diz o Senhor.
Depois da comunhão
Refeitos, ó Deus,
pelo sacramento do corpo e do sangue de vosso Filho,
dai-nos a alegria de possuir um pastor
que dirija o vosso povo no caminho da virtude
e faça penetrar em seu coração a verdade do evangelho.
Por Cristo, nosso Senhor.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Patriarca de Veneza e o Ano da Fé


Voltemos a Santo Agostinho


“Falar da Igreja apenas em termos de programação leva inevitavelmente a pensar que, tudo somado, o ato de fé parte dos homens. E esta é a transposição, em termos pastorais, do pensamento de Pelágio”.
Entrevista com Francesco Moraglia, patriarca de Veneza


Entrevista com o patriarca de Veneza Francesco Moraglia por Gianni Valente
“Não seremos capazes de oferecer respostas adequadas, sem um acolhimento renovado do dom da Graça; não saberemos conquistar os homens para o Evangelho, se nós mesmos não formos os primeiros a viver uma profunda experiência de Deus”. São palavras de Bento XVI aos bispos italianos reunidos em assembleia plenária, dia 24 de maio passado. Enquanto se aproxima o Ano da Fé, o sucessor de Pedro não perde ocasião para sugerir a única coisa que realmente considera muito. São tempos confusos, a serem vistos, todavia, com “um olhar reconhecido pelo crescimento do trigo bom também num terreno que se apresenta muitas vezes árido”. Tempos em que a atualidade eclesiástica parece tornar mais evidentes e luminosas as palavras de Jesus “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
Neste contexto monsenhor Francesco Moraglia viveu os primeiros passos do seu ministério como novo patriarca de Veneza. As suas respostas, na entrevista que segue, são uma ajuda simples para viver como tempo propício o iminente Ano da Fé. Livrando o campo de todo risco de “auto-ocupação” eclesial.

O novo patriarca de Veneza Francesco Moraglia durante a cerimônia de posse em 25 de março de 2012 [© Federico Roiter]
O novo patriarca de Veneza Francesco Moraglia durante a cerimônia de posse em 25 de março de 2012 [© Federico Roiter]
Bento XVI, durante a sua viagem a Portugal, disse: “Muitas vezes preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por certo que esta fé exista, o que infelizmente, é cada vez menos realista”. Depois convocou um Ano da Fé. O que o Papa quis sugerir deste modo?
FRANCESCO MORAGLIA: Convocando o Ano da Fé, o Santo Padre quis indicar aquela que desde sempre – portanto hoje também – é a realidade que fundamenta a vida do crente e da Igreja, ou seja, a fé.
É justamente a concepção que se tem da fé que determina o consequente modo de entender o cristianismo, e sendo a fé o início da vida cristã, então para a fé vale o que o evangelista Marcos diz a propósito da parábola do semeador: se não compreendeis esta como podeis entender todas as outras parábolas? Enfim: segundo a ideia que temos da fé, origina-se e desenvolve-se um tipo de cristianismo ou um outro.
Os jornais escrevem: esse Ano da Fé serve para “revitalizar” a fé. Mas nós temos poder para isso? Somos nós – a Igreja, o Papa, ou os fiéis – os artífices da nossa fé?
A Igreja, o Papa, os fiéis, assim como os teólogos, não são a origem do ato de fé e da vida do crente.
Por isso devemos prestar atenção de como falamos. No âmbito humano e eclesial a linguagem reveste uma importância fundamental; ora, falar da Igreja apenas ou principalmente em termos de programação, assim como reduzir a evangelização a uma questão de linguagem, leva inevitavelmente a pensar que, tudo somado, o ato de fé parte dos homens. Desse modo tudo é reduzido a uma operação humana. Mas esta – considerando muito bem – é a transposição, em termos pastorais, do pensamento de Pelágio; no meu modo de ver, hoje, mais do que nunca, devemos recordar o nome de Agostinho, a cuja escola todos, pastores e fiéis, devemos retornar.
Voltando à sua pergunta: a Igreja, o Papa e os fiéis podem – propriamente falando – revitalizar a fé, principalmente, colocando-a com renovada força ao centro da vida eclesial e propondo-a como método de vida, melhor, como o caso sério do cristão.
Como inicia a fé? Pode ser o resultado de um plano educativo que faça transparecer o sentido religioso do homem?
Limito-me a dizer que a fé, sendo o termo da graça, é puro dom! De fato, não gostaria que, principalmente no contexto atual, diminuindo o vigor de tal afirmação se acabasse – como já disse – por qualificar a fé em termos demasiadamente humanos. Certamente a expressão: a fé é pura graça, deve ser entendida no sentido de que a fé sempre nos é oferecida de modo humano, ou seja, interpelando a nossa liberdade e jamais prescindindo desta como da nossa responsabilidade.
Como se mantém, se alimenta e cresce a fé? Como fazer para não perdê-la? É questão de tenacidade?
A fé se mantém simplesmente vivendo-a cotidianamente na companhia da Igreja; dia após dia, portanto, ela se alimenta e cresce se pertencermos ao mundo da fé e renovarmos todos os dias a escolha da fé; em outros termos, deixando-se levar pela fé e recordando que – na realidade da vida – para o cristão tudo é dom. Certamente, descobrir-se criaturas e alegrar-se em sê-lo, sentir-se na própria pessoa e na própria história como parte de um todo, de um projeto que sempre nos precede e acompanha, é esta, podemos dizer, a graça da obra. Considero particularmente eficaz a expressão usada por Bento XVI em Porta fidei: “A fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria....”.
Quando se fala da fé, as chamadas ao Espírito, à Graça, a Jesus, às vezes parecem formulários rituais, premissas obrigadas pelo “jargão” eclesial, para depois passar ao “assunto verdadeiro” em que a atenção é dada à estratégia, à fórmula a ser adotada, ao plano educacional que nos é confiado.
Algumas vezes acontece que estas chamadas estejam quase ausentes da linguagem mesmo dos que se confessam cristãos! Deste modo enfraquecem os fundamentos da vida batismal. E isso é ainda mais grave se pensarmos que a linguagem é a máxima força expressiva da cultura de uma pessoa; em algumas catequeses, por exemplo, passou-se da confissão de Jesus Salvador, a Jesus entendido como mestre, depois amigo, e enfim como força espiritual.
Mas se a fé, que na vida da pessoa e da Igreja é essencialmente dom e cumprimento, é desvalorizada nessa sua dimensão, e tudo leva a se tornar programação pastoral e construção humana, ofuscando o Espírito em escolhas organizativas, então também a salvação se torna um fato de pura programação teológica e organização pastoral. Os exemplos não faltam portanto limito-me a indicar um deles em âmbito celebrativo litúrgico: o hiperativismo criativo e um certo protagonismo diante da assembleia.
Em muitos discursos, a fé é identificada e contrario, como se a sua afirmação fosse antes de tudo uma resposta a tendências e filões culturais da modernidade em que vivemos. O que o senhor pensa desse tipo de abordagem? A fé tem como primeiro andamento expressivo a confutação cultural da não-fé?
Sim é verdade, o risco indicado existe mesmo.
A fé, antes de tudo, deve ser a fiel a si mesma, ou seja, deve dizer Jesus Cristo, dizê-lo bem, dizê-lo a todos, dizê-lo de modo compreensível e a partir – como ensina a Dei Verbum – da Palavra de Deus transmitida pela Igreja.
A crítica que era dirigida a uma certa manualística coincidia justamente pelo deixar-se levar por determinadas “questões” que se queria confutar, terminando por reduzir e até mesmo desvirtuar, de maneira inaceitável, as verdades de fé que, por si, queria-se anunciar.
Concretamente, para aproveitar da ocasião do Ano da Fé, o que é preciso fazer? Tomar iniciativas? Fazer discursos?
A fé é resposta a uma pessoa – à pessoa de Jesus Cristo –; então os discursos, as conferências, os congressos por si são ainda insuficientes diante da realidade humano-divina da fé; seria suficiente se a fé se colocasse unicamente no plano humano, se fosse uma pura escolha ética ou uma tese filosófica. Porém a fé, ao invés, pede para ser colhida e vivida na sua realidade sacramental, ou seja, realidade humana e divina.
Tenho certeza, para fazer um exemplo, que uma mais intensa participação e cuidadosa educação à celebração litúrgica, por parte do povo de Deus – pastores e fiéis –, em vista de uma renovada vida de caridade para com Deus e o próximo, seja uma proposta congruente, um ponto certo de partida, em vista do Ano da Fé.
Trata-se, repito, de envolver toda a comunidade eclesial no evento da Páscoa – morte/ressurreição – de Cristo; deste modo somos logo levados ao centro do evento salvífico que se pode colher somente na fé; o coração do ato eucarístico se caracteriza, justamente como mysterium fidei.
Jesus e a Samaritana, detalhe dos mosaicos da Basílica de São Marcos em Veneza
Jesus e a Samaritana, detalhe dos mosaicos da Basílica de São Marcos em Veneza
Se a fé é um dom de graça, no início e em cada passo do caminho, o que isso comporta para a Igreja, para a sua forma e para as suas dinâmicas?
Comporta inúmeras coisas. Indico uma que me parece ajudar a compreender: aludo ao uso do adjetivo possessivo “nossa”, colocado diante do substantivo Igreja; esse é um modo de se exprimir que comunica proximidade, afeto, simpatia para com a Igreja, porém se não se tem a prontidão de mantê-lo unido à outra expressão: “Sua” Igreja, o risco é de considerarmos a Esposa de Cristo como uma nossa criatura, um nosso produto, uma realização humana que, resumindo, justamente porque é “nossa” podemos sempre e de novo reconstruir ou destruir como quisermos. Ao invés, a Igreja antes de tudo, é Sua, ou seja é de Cristo que, segundo a bela simbologia patrística dos primeiros séculos, depois retomada na Idade Média, é o sol, enquanto a Igreja se coloca como mysterium lunae e é totalmente iluminada pelo sol.
Às vezes, também na nossa recente atualidade eclesial, esta percepção do ponto de origem da Igreja parece se ofuscar para muitos cristãos, com uma espécie de inversão: de reflexo da presença de Cristo, passa-se a sentir a estrutura eclesial como uma realidade empenhada em atestar a si mesma a própria presença relevante na história. E esta atestação de si mesma é apresentada como um modo para “demonstrar” a credibilidade do cristianismo. A que podem levar estas dinâmicas?
Se perdermos de vista que o evento cristão é algo real e histórico, que se refere à carne e ao sangue, então este fato nos leva a uma visão “espiritualista” que não consegue mais interceptar o homem concreto feito de carne e sangue.
Assim, se perdermos de vista que a Igreja é corpo de Cristo, então, em cada circunstância, a Igreja estará em busca da sua legitimação e afirmação, tornando-se auto-referencial. Pensemos aos dois discípulos de Emaús que não percebem o Ressuscitado, continuam a falar dos seus problemas, das suas tristezas e não conseguem abrir os olhos para Ele e vê-lo.
É o drama, sempre possível, da auto-referencialidade da Igreja, que quer dizer: perda da sua identidade sacramental; a Igreja, de fato, nos recorda ainda o Vaticano II, na Lumen gentium, é sacramento de Cristo e, assim, o ofuscamento desta realidade não é pouca coisa.
De modo análogo, às vezes parece que a intenção de atestar a fé no mundo seja confiável a iniciativas extraordinárias ou mesmo espetaculares.
Mas encaminhar-se nesta direção quer dizer contrastar o que Jesus disse e fez no Evangelho, e com a própria realidade do viver humano, feito de gestos cotidianos. Fazendo assim, a Igreja se autodestruiria, não se pode viver, com efeito, de coisas extraordinárias, mas ordinárias: as coisas de todos os dias; o Evangelho não é para poucos eleitos e não é feito de coisas vividas una tantum. Ao contrário, é questão de salvação todos os dias e para cada homem.
O início do Ano da Fé coincide com os cinquenta anos do início do Concílio Vaticano II. Alguns atribuem a crise de fé diretamente àquele evento, chegando a interpretá-lo como a origem do retrocesso do cristianismo ou até mesmo como o instrumento de penetração de um pensamento não católico na Igreja. Qual é a sua opinião sobre isso?
A minha ordenação sacerdotal ocorreu em 1977, portanto posso dizer que nasci teologicamente e como sacerdote depois do grande evento eclesial do Concílio Ecumênico Vaticano II. Se relermos os textos conciliares, se interpretarmos o espírito a partir da letra e não contra a letra, se não nos jogarmos em afirmações do tipo: “por fidelidade ao Concílio é preciso ir além do Concílio” (frase na qual cada um pode encontrar o que, a cada vez, mais lhe agrada), então não podemos deixar de considerar o Concílio como uma verdadeira graça para a Igreja do nosso tempo. Aqui também, mais uma vez, Bento XVI nos indica a estrada principal falando da hermenêutica da reforma na continuidade e tomando distância de toda a hermenêutica de ruptura.
O Ano da Fé teve o seu precedente no ano de 1967 com Paulo VI, que culminou na proclamação do Credo do povo de Deus. Como o senhor viveu pessoalmente aquele período, como o recorda?
Na época eu era um adolescente, tinha quatorze anos, recordo bem que se sentia nos meios de comunicação e de consequência na sociedade, o crescimento de um clima suspeito e todavia hostil ao magistério da Igreja. Via-se com clareza a tentativa de dividir as estruturas eclesiais, contrapondo o magistério – principalmente o do Papa – aos fiéis, considerados o verdadeiro povo de Deus. Esquecia-se, ou talvez não se quisesse recordar, que a Lumen gentium, falando do povo de Deus como do depositário do poder profético e carismático, afirma, citando Agostinho: “A universalidade dos fiéis não pode enganar-se na fé...’quando desde os bispos até o último dos fiéis leigos’ (cf. Santo Agostinho, De praedestinatione Sanctorum 14, 27: PL 44, 980) manifesta consenso universal em matéria de fé e de costumes”. Eram anos em que, com uma oportuna catequese, se deveria mais do nunca sustentar e acompanhar a fé dos simples diante do excessivo poder dos especialistas.
O Ano da Fé coincide com uma crise econômica que está abalando até as sociedades mais desenvolvidas. Alguns dirão que se busca refúgio no espiritual para suportar os problemas materiais. Que relação tem a fé, por exemplo, com a perda de emprego que está angustiando milhões de pessoas também na Itália?
Refugiar-se na fé apenas para não sofrer pelos problemas materiais corresponde a uma ideia errada de fé; aquele que crê, com efeito, é aquele que está ao lado do Senhor Jesus independentemente do fato de que as coisas, humanamente, vão bem ou mal.
A fé, “sobretudo”, não se refere a alguma coisa que seja secundária ao homem. O homem não está já realizado em si prescindindo da sua relação com Jesus Cristo. Ao contrário, a fé é aquilo que leva à realização do humano respeitando-o na sua especificidade e autonomia.
Dito isso, certamente a fé sustenta de modo particular os que atravessam momentos difíceis, ajudando-os a vivê-los e colocá-los em um horizonte mais amplo; porém com isso a fé não exime o crente da realização de todos os passos que humanamente deve cumprir e daquilo que tem a possiblidade de fazer .
Em uma historieta, que circulava em âmbito teológico, alguns anos atrás, contava-se que um navio estava afundando e, então o comandante ordenou: “Os ateus às bombas e os crentes a rezar!”.
O senhor nasceu e cresceu em Gênova e agora é patriarca de Veneza. Há alguma coisa particular que caracteriza e aproxima a fé das gentes do mar?
O amor à própria história e a ligação às próprias raízes, o manter vivas as recordações e as tradições, o valor dado à religiosidade popular e, ainda, entender o sentido da vida como viagem, e ir na direção de uma meta. Enfim, também, uma grande abertura ao futuro e aos outros. Por outro lado, o mar une margens de países e continentes diferentes, o mar torna possível a comunicação entre os homens através de encontros e trocas comerciais mas principalmente culturais; enfim, o mar, justamente na sua imensidade, torna-se símbolo de Deus e da sua infinidade.
O novo patriarca de Veneza Francesco Moraglia durante a cerimônia de posse em 25 de março de 2012 [© Federico Roiter]
O novo patriarca de Veneza Francesco Moraglia durante a cerimônia de posse em 25 de março de 2012 [© Federico Roiter]
E o que o senhor diria da sua fé? Como nasceu? Quais acontecimentos e encontros a alimentaram?
A minha fé, como assenso às realidades cridas, é, agora, a mesma de muitos anos atrás enquanto eu me preparava à primeira comunhão e de quando eu era coroinha; considero isso algo muito belo porque reflete mais uma vez a verdade do Evangelho. Aludo ao convite de Jesus: deixai vir a mim as criancinhas; assim é que a fé aparece – como é realmente – para todos: crianças e adultos, simples e doutos, ricos e pobres; aqui aparece, em um sentido verdadeiro, toda a “democraticidade” da fé. A modalidade de adesão, não toca a substância do ato de fé que está, justamente, na graça, adesão ao mistério e não elaboração cultural. Justamente por isso, os diferentes e múltiplos modos de adesão, mais ou menos cultos, não tocam a própria fé, ou seja, o sim que salva.
E quais indicações o senhor dará para viver o Ano da Fé?
A indicação é redescobrir a fé nas suas características próprias, superando qualquer provável redução e desvirtualização. O risco é fazer disso uma realidade intelectual ou sentimental, não colhendo-a mais como evento salvífico que leva a completar a humanidade; o homem, sozinho, não consegue e a fé permite-lhe de completar a sua humanidade, a fé completa aquilo que a minha criaturalidade somente entrevê e preanuncia.
Por isso, a indicação de método que Jesus dá aos seus, quando os chama ao apostolado, é fundamental. À pergunta: mestre, onde moras? Jesus responde convidando-os a segui-lo. Nós também no início deste Ano da Fé, como primeira coisa, devemos redescobrir a vida eclesial como sequela Christi. Trata-se de viver não somente na Igreja mas, como dizia quase um século atrás Romano Guardini, a Igreja. E para fazer isso é fundamental reconcentra-se em uma oração mais autêntica – especialmente a litúrgica – e também descobrir o gesto humilde da peregrinação, sinal de um caminho comum rumo a meta, que é o Senhor Jesus, início e cumprimento da nossa fé.
Papa Luciani, que também foi patriarca de Veneza, como Papa fez as suas primeiras catequeses sobre fé, esperança e caridade. De que modo a figura deste Papa pode oferecer temas de edificação na atividade pastoral?
Este ano se comemora o centenário do seu nascimento e procuraremos celebrá-lo de modo digno. Para alguns foi até mesmo repreendido por ser fiel demais ao Papa e ao seu magistério. Na realidade ele tentou até o fim harmonizar as coisas e encontrar soluções aos problemas. E hoje, há mais de trinta anos da morte, este patriarca permanece uma recordação muito viva no povo e nas paróquias. Os venezianos, tanto da terra quanto do mar, conservam uma lembrança gratificante e afetuosa da passagem deste patriarca. É recordado como um homem de Deus, um pastor que deixou uma marca entre o povo, pela concretitude dos seus sermões e pela sua capacidade de diálogo e de ouvir.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

AS 29 PERGUNTAS FREQÜENTES SOBRE A QUARESMA



O QUE É A QUARESMA?
Chamamos Quaresma o período de quarenta dias reservado a preparação da Páscoa, e indicado pela última preparação dos catecúmenos que deveriam receber nela o batismo.
DESDE QUANDO SE VIVE A QUARESMA?
Desde o século IV se manifesta a tendência para constituí-la no tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência. Conservada com bastante vigor, menos em um princípio, nas igrejas do oriente, a prática penitencial da Quaresma vem sido cada vez maior no ocidente, mas deve se observar um espírito penitencial e de conversão.
POR QUE A QUARESMA NA IGREJA CATÓLICA?
"A Igreja se une todos os anos, durante os quarenta dias da Grande Quaresma, ao Mistério de Jesus no deserto" (n. 540).
QUAL É, PORTANTO, O ESPÍRITO DA QUARESMA?
Deve ser como um retiro coletivo de quarenta dias, durante os quais a Igreja, propondo a seus fiéis o exemplo de Cristo em seu retiro no deserto, se prepara para a celebração das solenidades pascoais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da vida cristã e uma atitude penitencial.
O QUE É A PENITÊNCIA?
A penitência, tradução latina da palavra grega que na Bíblia significa a conversão (literalmente a mudança do espírito) do pecador, designa todo um conjunto de atos interiores e exteriores dirigidos a reparação do pecado cometido, e o estado de coisas que resulta dele para o pecador.
Literalmente mudança de vida, se diz do ato do pecador que volta para Deus depois de haver estado longe Dele, ou do incrédulo que alcança a fé.
QUE MANIFESTAÇÕES TEM A PENITÊNCIA?
"A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobre tudo em três formas: o JEJUM, a oração, a missa, que expressam a conversão com relação a si mesmo, com relação a Deus e com relação aos demais. Junto a purificação radical operada pelo Batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação pela salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade "porque a caridade cobre a multidão dos pecados" (1 Pedro, 4,8.)." (Catecismo Igreja Católica, n. 1434).
SOMOS OBRIGADOS A FAZER PENITÊNCIA?
"Todos os fiéis, cada um a seu modo, estão obrigados pela lei divina a fazer penitência; não obstante, para que todos se unam em alguma prática comum de penitência, se fixaram uns dias de penitência para os fiéis que se dedicam de maneira especial a oração, realizam obras de piedade e de caridade e se negam a si mesmos, cumprindo com maior fidelidade suas próprias obrigações e, sobre tudo, observando o jejum e a abstinência." (Código de Direito Canônico, c. 1249).
QUAIS SÃO OS DIAS E TEMPOS PENITENCIAIS?
"Na Igreja universal, são dias e tempos penitenciais todas as Sextas-feiras do ano e o tempo de quaresma." Código de Direito Canônico, c. 1250).
QUE DEVE SE FAZER TODAS AS SEXTAS-FEIRAS DO ANO? Em lembrança do dia em que Jesus morreu na Santa Cruz, "todas as sextas-feiras, a não ser que coincidam com uma solenidade, deve se fazer a abstinência de carne, ou de outro alimento que seja determinado pela Conferência Episcopal; jejum e abstinência se guardarão na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa." (Código de Direito Canônico, c. 1251).
QUANDO É A QUARESMA?
A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina imediatamente antes da Missa Vespertina no Domingo de Páscoa . Todo este período forma uma unidade, podendo-se distinguir os seguintes elementos:
1. A Quarta-feira de Cinzas.
2. Os domingos, definidos como, I,II,III,IV e V; e o Domingo de Ramos da Paixão do Senhor.
3. A Missa Crismal.
4. As férias.
O QUE É QUARTA-FEIRA DE CINZAS?
É um princípio da Quaresma; um dia especialmente penitencial, em que manifestamos nosso desejo pessoal de CONVERSÃO a Deus.
Quando vamos aos templos em que nos impõem as cinzas, expressamos com humildade e sinceridade de coração, que desejamos nos converter e crer de verdade no Evangelho.
QUANDO TEVE ORIGEM A PRÁTICA DAS CINZAS?
A origem da imposição da cinza pertence a estrutura da penitência canônica. Começou a ser obrigatória para toda a comunidade cristã a partir do século X. A liturgia atual conserva os elementos tradicionais: imposição da cinza e jejum rigoroso.
QUANDO SE ABENÇOA E SE IMPÕEM A CINZA?
A benção e a imposição da cinza tem lugar dentro da Missa, após a homilia; embora em circunstâncias especiais, se pode fazer dentro de uma celebração da Palavra. As formas de imposição da cinza se inspiram na Escritura: Gn, 3, 19 e Mc 1, 15.
DE ONDE PROVEM A CINZA?
A cinza procede dos ramos abençoados no Domingo da Paixão do Senhor, do ano anterior, seguindo um costume que se remonta ao século XII. A forma de benção faz relação a condição pecadora de quem a recebeu.
QUAL É O SIMBOLISMO DA CINZA?
O simbolismo da cinza é o seguinte:
1. Condição fraca do homem, que caminha para a morte;
2. Situação pecadora do homem;
3. Oração e súplica ardente para que o Senhor os ajude; Ressurreição, já que o homem está destinado a participar no triunfo de Cristo;
A QUE NOS CONVIDA A IGREJA NA QUARESMA?
A Igreja persiste nos convidando a fazer deste tempo como um retiro espiritual em que o esforço de meditação e de oração deve ser sustentado por um esforço de mortificação pessoal cuja medida, a partir deste mínimo, permanece a liberdade e generosidade de cada um.
O QUE DEVE SE CONTINUAR VIVENDO NA QUARESMA?
Se vive bem a Quaresma, deverá se alcançar uma autêntica e profunda CONVERSÃO pessoal, preparando-nos, deste modo, para a maior festa do ano: o Domingo da Ressurreição do Senhor.
O QUE É A CONVERSÃO?
Converter-se é reconciliar-se com Deus, apartar-se do mal, para estabelecer a amizade com o Criador.
Supõe e inclui deixar o arrependimento e a Confissão (ver o Guia da Confissão) de todos e cada um de nossos pecados.
Uma vez em graça (sem consciência de pecado mortal), temos de mudar desde dentro (em atitudes) tudo aquilo que não agrada a Deus.
POR QUE SE DIZ QUE A QUARESMA É UM "TEMPO FORTE" E UM "TEMPO PENITENCIAL?
"Os tempos e os dias de penitência ao largo do ano litúrgico (o tempo de QUARESMA, cada Sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Estes tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações como sinal de penitência, o jejum, a comunhão cristã de bens (obras caritativas e missionárias)." (Catecismo Igreja Católica, n. 1438)
COMO CONCRETIZAR MEU DESEJO DE CONVERSÃO? De diversas maneiras, mas sempre realizando obras de conversão, como , por exemplo:
1. Ir ao Sacramento da Reconciliação (Sacramento da Penitência ou Confissão) e fazer uma boa confissão: clara, concisa, concreta e completa.
2. Superar as divisões, perdoando e crescer em espírito fraterno.
3. Praticando as Obras de Misericórdia.
QUAIS SÃO AS OBRAS DE MISERICÓRDIA?
As Obras de Misericórdia espirituais são:
1. Ensinar ao que não sabe.
2. Dar bons conselhos ao que necessita.
3. Corrigir ao que erra.
4. Perdoar as injúrias.
5. Consolar ao triste.
6. Sofrer com paciência as adversidades e fraquezas do próximo.
7. Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos
As Obras de Misericórdia corporais são:
1. Visitar ao enfermo.
2. Dar de comer ao faminto.
3. Dar de beber ao sedento.
4. Socorrer ao cativo.
5. Vestir ao desnudo.
6. Dar abrigo ao peregrino.
7. Enterrar a os mortos.
QUE OBRIGAÇÕES TEM UM CATÓLICO EM QUARESMA? Tem que cumprir com o preceito do JEJUM e a ABSTINÊNCIA, assim como a CONFISSÃÓ e COMUNHÃO anual.
EM QUE CONSISTE O JEJUM?
O JEJUM consiste em fazer uma única refeição ao dia, sendo que se pode comer algo menos que o de costume pela manhã e a noite. Não se deve comer nada entre os alimentos principais, salvo em caso de doença.
A QUEM SE OBRIGA O JEJUM?
Se obriga a viver a lei do jejum, todos os maiores de idade. (cfr. CIC, c. 1252).
O QUE É A ABSTINÊNCIA?
Se chama abstinência a proibição de comer carne (vermelha ou branca e seus derivados).
A QUEM SE OBRIGA A ABSTINÊNCIA?
A lei da abstinência se obriga aos que já tem catorze anos.(cfr. CIC, c. 1252).
PODE SER MUDADA A PRÁTICA DA ABSTINÊNCIA?
"A Conferência Episcopal pode determinar com mais detalhes o modo de observar o jejum e a abstinência, assim como substituirmos em parte por outras formas de penitência, sobre tudo por obras de caridade e práticas de piedade." (Código de Direito Canônico, c. 1253).
O QUE IMPORTA DE VERDADE NO JEJUM E NA ABSTINÊNCIA?
Deve se cuidar no viver o jejum ou a abstinência com alguns mínimos, mas como uma maneira concreta como a que nossa Santa Mãe Igreja nos ajuda a crescer no verdadeiro espírito de penitência.
QUE ASPECTOS PASTORAIS CONVÊM RESSALTAR NA QUARESMA?
O tempo de Quaresma é um tempo litúrgico forte, em que toda a Igreja se prepara para a celebração das festas pascais. A Páscoa do Senhor, o Batismo e o convite a reconciliação, mediante o Sacramento da Penitência, são suas grandes coordenadas.
Se sugere utilizar como meios de ação pastoral:
1. A catequese do Mistério Pascal e dos sacramentos;
2. A exposição e celebração abundante da Palavra de Deus, como aconselha vivamente o cânon. 767, & 3, 3).
3. A participação, se possível diária, na liturgia quaresmal, nas celebrações penitenciais e, sobre tudo, na recepção do sacramento da penitência: "são momentos fortes na prática penitencial da Igreja" (CEC, n. 1438), fazendo notar que "junto as conseqüências sociais do pecado, detesta mesmo o pecado enquanto é ofensa a Deus";
4. O desenvolvimento dos exercícios espirituais, as peregrinações, como penitência assinam, as privações voluntárias como o jejum, a caridade, as obras beneficentes e missionários

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Breve explicação do Sonho de Dom Bosco


Destacamos aqui alguns fatos do sonho:

a)    O navio majestoso é a Barca de Pedro onde está o Papa e as barcas menores, que recebem comandos são as igrejas particulares.
b)   As duas colunas são uma clara alusão à Santíssima Eucaristia, cento de nossa fé e à Virgem Imaculada, a onipotência suplicante que sempre teve, na história da Igreja um papel extremamente importante através de suas  poderosas intervenções.
c)    A primeira conferência convocada pelo comandante supremo e logo interrompida pelos ataques dos inimigos, é claro tratar-se do Concílio Vaticano I, interrompido pela guerra e a segunda reunião convocada pelo papa é o Concílio Vaticano II.
O Papa, inesperadamente, é atingido e cai:
“De súbito, o Papa cai gravemente ferido. Imediatamente, os que estão com ele o ajudam e o levantam”. Percebam que o papa não morre aqui. É apenas ferido e logo ajudado a levantar-se. Seria  João Paulo II no atentado de 13 de maio de 1980?
Continua o sonho:
“Uma segunda vez, o Papa é atingido; ele cai de novo e morre. Um grito de júbilo e vitória irrompe dentre os inimigos; de seus navios eleva-se uma indizível zombaria. Mas assim que o Pontífice cai, um outro assume  seu lugar. Os pilotos, tendo-se reunido, elegeram outro tão prontamente que, com a notícia da morte do anterior já se apresentam as boas novas da eleição do sucessor. “
Nessa última parte vemos um papa que é atingido “cai” e “ morre”. Primeiro cai, depois é que morre. A renúncia de um papa não poderia ser visto também como uma queda? A morte acontece logo depois da “queda”, mas tão rapidamente é eleito o seu sucessor que a notícia da morte do ultimo se mistura com a da eleição do novo.
Ora mas me dirão que no sonho de Dom Bosco são dois os papas que aparecem e aqui, em nosso pensamento aparecem três: o que cai ferido, o que cai ferido e morre e o que coloca a Barca em seu devido lugar. 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Dom Bosco Sonhador... Vem conosco Caminhar!


Caro leitor, nesses tempos, em que a tempestade parece balançar a Barca de Pedro,   a Igreja; recordemos do mais importante "SONHO" de São João Bosco.
Cristo é Senhor da Igreja e da História!!!







Imagine-se no meio de uma enseada, ou melhor, sobre uma rocha isolada, da qual não se divisa nenhum ponto de terra firme, exceto sob os seus pés. Na extensão desse vasto mar, você divisa uma frota incontável de navios de guerra dispostos para a batalha. As proas desse navios são pontiagudas e perfurantes, de forma a perfurar e destroçar completamente tudo contra o que se lançarem. Os navios são armados com canhões, muitos rifles, materiais incendiários e outras armas de fogo de vários tipos, e avançam contra um navio bem maior e mais alto do que o deles; eles tentam atingi-lo com suas proas ou queimá-lo, causar-lhe mal de todas as maneiras possíveis.

Escoltando o majestoso  navio plenamente equipado, há um sem-número de barcos menores, que recebem comandos daquele por sinais, reposicionando-se para defenderem-se dos ataques da frota inimiga.  Bem no meio dessa imensa extensão marítima, duas poderosas colunas elevam-se, altas, a pequena distância uma da outra. No topo de uma, encontra-se a estátua da Imaculada Virgem Maria, de cujos pés pende um enorme placa com a inscrição: Auxilium Christianorum - Auxílio dos Cristãos; sobre a outra, que é ainda mais alta e maior, há uma enorme Hóstia, de tamanho proporcional ao da coluna; e sob ela, outra placa, com as palavras: Salus Credentium - Salvação dos Fiéis.

O comandante supremo do navio grande é o Sumo Pontífice. Observando a fúria dos inimigos e malfeitores dentre os quais os fiéis se encontram, ele convoca os capitães dos pequenos barcos e ordena um conselho, para juntos decidirem o que fazer. 

Todos os capitães vêm a bordo e se reúnem em torno do Papa. Eles iniciam uma conferência, mas nesse meio tempo o vento e as ondas rompem numa grande tempestade, e eles têm de retornar às suas próprias embarcações para salvá-las. Vem, então, uma pequena calmaria; pela segunda vez, o Papa reúne seus capitães em torno de si, enquanto o navio-mãe prossegue em seu curso. Mas a terrível tempestade retorna. O Papa comanda a embarcação e envia todas as suas energias para direcionar seu navio às colunas, de cujos topos pendem muitas âncoras e fortes ganchos ligados a correntes. 

Todas as embarcações inimigas mobilizam-se para atacá-lo; elas tentam detê-lo e afundá-lo, de todas as maneiras ao seu alcance: algumas com livros e escritos inflamáveis, de que dispõem em abundância; outras com armas de fogo, com rifles e outras armas. A batalha recrudesce crescentemente. O inimigo ataca de proa violentamente, mas seus esforços provam não ser eficazes. Eles arremetem em vão, e perdem todo o seu esforço e a sua munição; o grande navio segue inabalável e suavemente seu rumo. Às vezes acontece de ser atingido por formidáveis tiros, ele apresentar grandes brechas laterais; Mas assim que o dano acontece, uma brisa gentil sopra das duas colunas, fechando as fissuras e restaurando os estragos imediatamente. 

Entrementes, as armas de fogo dos assaltantes são disparadas; rifles e outras armas, bem como as proas se quebram; muitos navios são atingidos e afundam no oceano. Então, os inimigos enfurecidos passam a lutar corpo-a-corpo, com os punhos, tiros à queima-roupa, blasfêmias e maldições. "De súbito, o Papa cai gravemente ferido. Imediatamente, os que estão com ele o ajudam e o levantam. Uma segunda vez, o Papa é atingido; ele cai de novo e morre. Um grito de júbilo e vitória irrompe dentre os inimigos; de seus navios eleva-se uma indizível zombaria. 

Mas assim que o Pontífice cai, um outro assume o seu lugar. Os pilotos, tendo-se reunido, elegeram outro tão prontamente que, com a notícia da morte do anterior já se apresentam as boas novas da eleição do sucessor. Os adversários começam a perder a coragem. 

O novo Papa, pondo o inimigo em fuga e superando todos os obstáculos, guia o navio diretamente às duas colunas e consegue descansar entre elas. Ele ancora o seu navio à coluna encimada pela Hóstia, prendendo uma corrente leve que sai da proa a uma âncora presa à coluna; uma outra corrente leve presa à popa é atracada a uma âncora que pende da coluna sobre a qual está a Virgem Maria. 

Neste ponto, inicia-se uma grande convulsão. Todos os navios que estiveram até então em luta contra o navio do Papa são dispersados; eles se afastam em confusão, colidem e quebram-se em pedaços, uns contra os outros. Alguns afundam e tentam afundar os outros. Muitas das pequenas embarcações que lutaram galantemente pelo Papa correm a prender-se às colunas. Outras, que se haviam mantido à distância, por medo da batalha, observam cautelosamente de longe; assim que os escombros dos navios afundados são dispersados pelos redemoinhos do mar, elas se aventuram a rumar para as duas colunas, e alcançando-as, fazem-se prender aos ganchos que delas pendem, para se porem a salvo, à sombra do navio principal, onde está o Papa. Reina sobre o mar uma grande calma."

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Rezemos nesta Quaresma, pela Igreja; Confiantes que Cristo é Senhor Igreja e da História


         Caros Amigos, para surpresa de todos, o Santo Padre Bento XVI renunciou ao Pontificado. O motivo: as graves limitações impostas pela idade avançada. Esta é uma decisão que somente o Papa pode tomar, pessoal e livremente, diante de Deus. E Bento XVI a tomou. Será Papa da Igreja até o dia 28 de fevereiro às 20h. A partir daí, a Sede estará vacante e deve-se eleger um novo Papa.
Rezemos.

A seguir, o pronunciamento do Santo Padre:

           "Queridíssimos irmãos, Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando. 
          No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado. Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências,  o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice. 
            Queridíssimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração".



Fonte: Blog de Dom Henrique Soares

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Credo Niceno-constantinopolitano

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
gerado do Pai antes de todos os séculos
Deus de Deus, Luz da luz,
verdadeiro Deus de verdadeiro Deus,
gerado, não feito,
da mesma substância do Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens,
e para a nossa salvação,
desceu dos céus:
Se encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
E subiu aos céus,
onde está assentado à direita de Deus Pai.
Donde há de vir, em glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o Seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor e fonte de vida,
que procede do Pai;
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele falou pelos profetas.
Creio na Igreja
Una, Santa, Católica e Apostólica.
Confesso um só batismo para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo vindouro.
Amém.


sábado, 2 de fevereiro de 2013