quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ah, Natal...

 

Que saudades do Natal cristão que não vem, que vai desaparecendo,

Ano após ano...

Que saudade de um mundo que acreditava,

Que era capaz de rejubilar-se, esperançoso, otimista, feliz

- mesmo com todos os problemas –

Porque sabia com certeza certa da existência de um Deus de amor e bondade

- Deus santo de Abraão, Isaac e Jacó –

Que na plenitude dos tempos,

De modo admirável, surpreendente, terno, meigo, poético,

De Maria Virgem enviou o seu Filho amado a este mundo ferido e cansado.

Que saudade do presépio, do Menino envolto em faixas,

Do olhar terno da Virgem Mãe,

dos joelhos dobrados do casto e humilde José,

Da admiração dos pastores,

dos anjos envoltos em luz...

Que saudade do boi e do burrico que reconheceram o seu dono,

o seu senhor...

Que saudades de um mundo, de uma sociedade que sonhava e esperava porque acreditava!

Que natal frio, vazio, morto e escuro, esse vivido pela sociedade ocidental.

Natal mentiroso,

Sem Jesus,

Sem Deus,

Sem a ternura do Emanuel!

Natal de nada,

De Papai Noel,

De consumo,

De compras e superficialidades...

Natal de hipocrisia,

De alegria vazia,

Alegria por nada,

Alegria de nada,

Alegria mundana,

Tristeza maquiada, lipoaspirada, fugaz,

Artificial!

Natal pecaminoso,

De negação de Deus,

De esquecimento do Mistério,

De incapacidade de acolher o Senhor

E a ele adorar e a ele obedecer!

Antinatal!

Natal dos anticristos!

Que tristeza, as nossas cidades iluminadas por nada,

Preparando-se para nada,

Esperando uma noite de nada...

Como pôde o nosso Ocidente outrora cristão chegar a este ponto

De vazio,

De leviandade,

De desumanidade?

Senhor Jesus,

Santo Emanuel,

Deus nascido da Virgem,

Vem, por piedade!

Vem mais uma vez encher o coração da humanidade!

Faze que os cristãos se tornem novamente cristãos!

Dá à tua Igreja – que começaste a desposar com a tua Encarnação –

A graça de redescobrir a simples e pura alegria do santo Natal

Na surpresa do Evangelho anunciado,

Na esperança das profecias proclamadas,

No abismo do Mistério explicado pelo Apóstolo,

No cântico dos hinos tão doces, tão ricos, tão ternos, tão suaves...

Dá-nos o Natal da tua Eucaristia – carne tua plasmada de Maria Virgem,

Remédio bendito contra todas as mortes deste mundo!

Olha tua Igreja, olha o teu rebanho,

Que neste mundo asfixiante deve proclamar

Com a boca, com o coração, com a vida, com a celebração,

Com a certeza, com a esperança,

A realidade do teu bendito Natal!

Como outrora tornaste fecundo o seio virginal de Maria,

Torna fecundos a nossa fé e o nosso testemunho;

Como não decepcionaste a esperança de Israel,

Fortalece ainda agora a nossa esperança em ti;

Como foste o consolo e o encanto de José,

Tira-nos das dúvidas e incertezas, do marasmo da existência

E dá-nos a alegria simples de crer e esperar em ti;

Como foste a surpresa dos pastores,

Enche nossa vida com a doce certeza de que vieste como nosso Salvador;

Como apareceste pura luz para os Magos,

Sê a Estrela da manhã que nos conduz!

Senhor Menino, Senhor Messias, Doce e querido Emanuel!

Meu Menino, tesouro do nosso coração, consolo dos meus dias,

Dá a todo aquele que se prepara para celebrar santamente o teu Natal

A graça da tua salvação e a consolação da tua presença bendita!

Vem, querido Jesus!

Bem-vindo, santo Jesus!

Inflama ainda agora o nosso coração

Para que neste 2010 ainda haja nos corações cristãos

verdadeiros natais!

presépio

Blog: Visão Cristã

sábado, 4 de dezembro de 2010

Humilde súplica ao Senhor da Igreja

Jesus! Não permitas que tua Igreja desvie o olhar de ti!
Não permitas que, em teu nome, nos descuidemos de te amar, de preocuparmo-nos contigo, de te proclamar, amorosa e convictamente, como o único Deus verdadeiro, o único caminho, o Bem supremo e definitivo de toda a humanidade!
São tantas as desculpas para nos distrairmos de ti: À esquerda, as preocupações pelas causas sociais.
Então, os olhos de muitos brilham quando fazem intermináveis e irreais análises de conjuntura, quando falam de questões como a fome, a pobreza, a ecologia, a falta de políticas públicas sérias, os vários sistemas econômicos... O discurso ideológico – e alienado, porque fora da realidade e dentro de uma gaiola ideológica que torna bobas as pessoas que, ainda assim, se pensam espertas e cheias de senso crítico – o discurso ideológico ocupa a vida desses que, pensam fazer isto por ti, mas de ti pouco se lembram...

Tudo é instrumentalizado e sacrificado por esses teus discípulos iludidos no altar maldito e estéril da ideologia; tudo é manipulado em prol da doutrinação ideológica, como os intelectuais orgânicos do marxista ateu Antônio Gramsci: a liturgia é desfigurada, o dogma é manipulado, a santidade é esquecida, as virtudes cristãs são deixadas em segundo plano... Assim, por ti – e não é por ti! – se esquecem de ti! Tem-se, então, Senhor meu, uma Igreja sem graça, masculina, do fazer, da luta, do combate, dos slogans tolos e cansativos, da patrulha ideológica! Uma Igreja que não atrai, não encanta e que se mostra cada vez mais estéril!

Esta pseudo-igreja dos que de ti se afastam pela esquerda já não te considera mais como o único Salvador: colocam-te abaixo e em função de um mentiroso diálogo interreligioso: consideram todas as religiões iguais e tu, Salvador nosso, tornas-te somente mais uma ilusão que só serve enquanto inspira lutas de ilusória e chata e mentirosa libertação...

Não, definitivamente, esta não é a Igreja que tu sonhaste, Senhor! É uma deturpação pobre da tua Pessoa, do teu Evangelho e do que tu pensaste... Tudo no molho do marxismo requentado e de um sociologismo tolo, que só agrada e convence aos incultos ou aos que disso se aproveitam, usando a Igreja para obter benefícios políticos ou econômicos... Em suma: uma Igreja que finge ser a tua, mas para ti não olha e contigo não se encanta... Basta ver o desleixo com o que é teu e o entusiasmo com o que é deste mundo...

À direita, a situação não é muito melhor: outras desculpas, também falsas, mas com o mesmo efeito: desviam o olhar de ti, que és o Essencial. Confundem evangelizar com fazer show, falar na linguagem de hoje com ser vulgar e secularizado. Transformam o sacerdócio em meio para se promover artisticamente, usam o teu Evangelho para aparecerem, deixando-te na penumbra. Pensam que juntar gente seja sinal de evangelização, esquecendo-se esses que não é a quantidade de pessoas que marca a verdadeira evangelização, mas a intensidade com que se anuncia a ti, Salvador nosso bendito, e a fidelidade à tua verdade!

À direita, quantos astros, ó Cristo, que se esquecem que somente tu és o Sol que não tem ocaso! Quantos ministros teus bonitinhos, simpaticozinhos, com coreografias e piruetas... Tu e o Reino que vieste anunciar tornam-se, então, somente um sentimento, um adocicado xarope de um Evangelho falsificado que cabe em qualquer programa de televisão e que pode ser proclamado numa passarela de samba, numa pista de dança ou até mesmo numa festinha pouco honesta. Tu entraste na casa de Zaqueu e o converteste; esses entram e saem em tudo quando é mundano e nada convertem: só amortecem as consciência e abençoam o que tu reprovas!

Esvaziaram tua mensagem, tornaram apenas um fantasma a tua Pessoa, amoleceram e imbecilizaram tua Palavra santa! Para esses, a missa é show, a pregação é conferência afetada e sem conteúdo sólido, a liturgia é colocada a serviço da emotividade, do intimismo e do individualismo. No fundo, tu, o Jesus real, o Jesus da Igreja, o Jesus que nos foi transmitido por gerações de cristãos, é falseado e desaparece na penumbra desse cristianismo barato e invertebrado...

E há também aqueles, à direita, à esquerda e ao centro, que se esquecem de ti e para ti não mais olham, muito empenhados no ativismo da prática pastoral, nos mil planos de evangelização, pensando que a "pastoralite" é prova de amor a ti e de construção do Reino que trouxeste.

Há ainda os que se perdem numa visão burocrática e fria de Igreja, pensando que cuidar de ti, ó Salvador, é ser administrador de uma instituição, de obras ou de projetos pastorais...

Há os que confundem Tradição com tradicionalismo e pastoreio com jogos de poder; há, finalmente, os que pensam que zelo pela liturgia e pelo sagrado confunde-se com uma preocupação excessiva e gosto discutível por rendas e brocados, sem nenhuma expressão de piedade, sem profundidade espiritual, sem preocupação com a tua glória, sem máscula sobriedade... Aí, a beleza da santa liturgia já não é por ti, mas para o brilho das lantejoulas e a beleza sóbria e digna dos paramentos é confundida com o gosto do exótico, do chamativo, do extravagante... Tudo tão alheio ao verdadeiro espírito litúrgico e à sã tradição da Igreja, que sempre nos levam a ti somente...

Jesus! Jesus, Senhor nosso!
Ser cristão é te amar, é te escutar, é olhar-te nos olhos, é encantar-se contigo!
Tua Igreja é a comunidade dos que te amam, dos que já não saberiam viver sem ti! Por ti largam-se a si mesmos, por teu amor rezam e fazem penitência, procurando tua santa vontade, crescem humildemente na virtude e na caridade... Tua Igreja celebra com zelo e respeito profundo a santa Liturgia, jamais instrumentaliza a tua Palavra ou falsifica a reta doutrina católica...

Tua Igreja – nossa Mãe católica – é a assembleia dos que proclamam que somente tu és Senhor, somente tu és Salvador, somente tu és a Verdade. Os da tua Igreja respeitam a todos, respeitam a todas as religiões, mas sabem, sem medo nem complexos, que somente no cristianismo encontra-se a verdade que o próprio Deus-Pai, por ti, nos revelou nas Escrituras e na Tradição apostólica e, por ti, nos deu como graça e vida nos sacramentos.

Teus discípulos, filhos da Mãe católica têm certeza plena que somente aquela Igreja unida a Pedro é a tua Igreja, a única e una Igreja que fundaste e à qual prometeste que as portas do Inferno não prevaleceriam sobre ela...

Senhor, que tua Igreja seja feminina:

Esposa tua, Mãe nossa,
acolhedora da Palavra,
virgem pela fé guardada fielmente,
fecunda pela abertura serena e profunda ao Espírito que nos gera para ti,
terna pela beleza de sua liturgia celebrada com decoro e piedade,
compassiva pelas pobrezas, penas e debilidades humanas,
cuidadosa pela capacidade de ser atenta aos detalhes, coisa de quem ama,
apaixonada pela esperança coloca em ti, Esposo, de modo inabalável...

Senhor, cuida e orienta a tua Igreja, nossa Mãe católica!
Não nos deixes desviar do reto caminho nas estradas tão tortuosas da história humana, peregrinação no tempo rumo à eternidade.
Senhor fiel e bom, faze que o teu Espírito impila tua Igreja a dizer-te, cada dia, em cada ação, em cada respiro: “Vem!”
E tu, Esposo fidelíssimo, fá-la ouvir a cada momento tua resposta certa e consoladora: “Eis que venho em breve!”

Amém!

Dom Henrique Soares da Costa